O legado de Martius e Spix para o Brasil

Martius se dedicou a botânica, mas foi com a taxonomia da flora brasileira que se destacou.

Tudo começou em 1817, quando o botânico Martius e o zoólogo Spix foram nomeados pela Real Academia de Ciências de Munique para participar de uma expedição científica pelo interior da América do Sul.  Os cientistas – que estavam em missão oficial do Rei da Bavária – aportaram no Brasil, integrando a comitiva da arquiduquesa austríaca Leopoldina, que viajava para casar-se com o príncipe herdeiro D. Pedro I.

Naturalistas alemães Carl Friedrich Philipp von Martius (à esq.) e Johann Baptist von Spix.

Carl Friedrich Philipp Martius (1794-1868) se embrenhou por três anos pelo território do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves – naquele tempo, nosso país era chamado assim –  ao lado do zoólogo Johann Baptist Spix (1781-1826) percorreram quatorze mil quilômetros para pesquisar, anotar, desenhar e classificar flora, fauna, habitantes, objetos, costumes, linguagem. Entre as mais de 3.000 espécies de animais catalogadas pela primeira vez, algumas delas acabaram sendo batizadas em homenagem aos pesquisadores, como a Cyanopsitta spixii, mais conhecida como ararinha-azul, hoje extinta na natureza.

Spix nomina essa bela arara com o nome do rei da Baviera Maximiliano José.

Martius e Spix levantaram mais de 22 mil espécies de plantas, que foram coletadas, estudadas e catalogadas. Segundo especialistas, é quase a metade de todas as espécies da flora brasileira conhecidas até hoje. Os estudos de von Martius e von Spix foram tão completos que devemos a eles a divisão natural do território brasileiro em cinco biomas como conhecemos até hoje: Mata Atlântica, Amazônia, Caatinga, Cerrado e Pampa. 

A palmeira também ganhou o nome do rei por ser uma figura de destacada beleza.

A viagem da dupla resultou na publicação de diversas obras de notoriedade nos mais diversos campos de conhecimento, principalmente por conta de Martius, devido à morte prematura de seu colega Spix. 

Coroado e Botocudo, etnias de índios – 1823

O livro Martius, da Editora Capivara, escrito por Pablo Diener e Maria de Fátima da Costa, é ilustrado com dezenas de gravuras, aquarelas e esboços de Rugendas, Thomas Ender, Frans Post, Langsdorf entre outros pintores viajantes. Embora o trabalho de Martius e Spix no Brasil seja eminentemente científico, as ilustrações que o acompanham têm enorme riqueza de detalhes e se incluem também no registro artístico do meio ambiente e dos habitantes.

Martius – Pablo Diener e Maria de Fátima Costa
Spix e Martius: Relatórios ao Rei – Maria de Fática Costa e Pablo Diener (orgs.)